domingo, 21 de dezembro de 2014

Cristologia (3)

Jesus, o Filho de Deus

   "Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele e ele em Deus".
   Essa era uma confissão apostólica (1Jo 4.15). O objetivo dela era mostrar que apesar de Jesus receber os títulos de Filho, Primogênito e Unigênito de Deus, sua eternidade e divindade precedem tudo.
   O Filho foi gerado por Deus. Na Epístolas aos Hebreus, vemos claramente o escritor fazendo uma retrospectiva de toda uma profecia messiânica, até seu cumprimento absoluto no Filho: "Tu és meu Filho, hoje te gerei [...] "e eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho". At 13.33; Hb 5.5; 2 Sm 7.14. A expressão "Filho de Deus" nas Escrituras, indica claramente a natureza divina de Jesus.
   Cristo, como Filho de Deus, afirma possuir traços semelhantes ao Pai, como o poder para perdoar os pecados (Mc 2.1-12), ressuscitar os mortos (Jo 12.9) e repreender espíritos malignos, ou seja, revela Sua procedência e compartilha a mesma essência e natureza do Pai, "quem perdoa pecados senão Deus?".
   Filho desde a eternidade. O ensino de que o Verbo tornou-se Filho a partir da encarnação não tem apoio entre os teólogos realmente bíblicos, piedosos e conservadores. O Filho de Deus é eterno; sempre existiu; Ele é o Pai da Eternidade. Ele já era chamado Filho mesmo antes da sua encarnação (não confundir com reencarnação), como se vê em 1 Jo 4.9: "Deus enviou seu Filho Unigênito ao mundo, para que por ele vivamos". 
   Acerca desta demonstração de filiação e de relacionamento de amor, comenta D.A Carson:
"'Filiação' é, com muita frequência, uma categoria funcional na Bíblia. Por causa da maioria esmagadora de filhos que terminam profissionalmente fazendo o que os seus pais faziam, 'tal pai, tal filho' era a suposição cultural. Jesus presume isso nas Bem-aventuranças: 'Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus', Mt 5.9. A ideia é que Deus é supremo Pacificador, e assim todo pacificador é, neste aspecto, identificado com Deus, e neste ponto 'filho' do Altíssimo. Este também é o pensamento que está por trás destes nomes tais como 'filho de Belial [indignidade]' e filho da consolação'. A suposição cultural que não está clara é que o homem em questão ou é tão útil ou tão encorajador que o seu pai deve ter sido, respectivamente, indigno ou encorajador. Assim, quando Jesus afirma que o seu 'Pai trabalha até agora', está implicitamente afirmando ser o Filho de Deus, com o direito de seguir o padrão de trabalho que o próprio Deus estabelece a esse respeito"¹.
   Os milagres que operou demonstram que Deus era com Ele, e que, se antes Deus usara profetas, nestes últimos dias falara por meio de seu Filho, por quem também fez todas as coisas que existem (Hb 1.1-8). Esta mesma criação é herança dele (Sl 2.7-8).
   Podemos aprender muito acerca da relação de Pai e Filho entre Jesus e Deus em um episódio ocorrido num dia de sábado, quando o Senhor curou um homem e foi criticado por isto. Para certos grupos nos dias de Jesus, curar no sábado era pecado. Em resposta aos que o acusavam, identificou-se com Deus, o Pai, despertando ainda mais a ira daqueles homens. "E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também", Jo 5.17.
   Ainda neste ponto, devemos ressaltar que Jesus reivindica o direito de trabalhar no Sábado porque Deus é seu Pai, e sendo Jesus o Filho, pode seguir os passos do Pai.
   A relação de Jesus com o Pai revela também sua deidade (Jo 10.30-36). Portanto, é uma heresia e blasfêmia afirmar que Jesus é o Filho de Deus mas que não é Deus.
   Unigênito. Esse termo aparece cinco vezes nos escritos de João, todas relacionadas a Jesus (Jo 1.14, 18; 3.16, 18; 1 Jo 4.9). Isso revela claramente sua divindade. Na Bíblia, essa palavra expressa a ideia de natureza, caráter, tipo, e não de geração. Jesus é o "unigênito do Pai" no sentido do seu relacionamento exclusivo com Ele. Cristo não foi criado por Deus, Ele preexiste eternamente, por isso é chamado de Pai da Eternidade (Is 6.9), conclui-se portanto que, não podendo nenhuma criatura ser adorada, há uma chamada para que os anjos adorem o Filho (Hb 1.6).
   Primogênito. Esse termo quando aplicado a Cristo, não põe em cheque sua eternidade. A Palavra de Deus declara, em muitos textos, que o Filho é eterno (Is 9.6; Mq 5.2; Hb 13.8; Jo 1.3). Na Bíblia, o vocábulo original para "primogênito", além do sentido natural e humano de "filho mais velho", abrange também o significado de primazia, preeminência, supremacia, domínio, autoridade total. Apesar de Davi ser "o filho mais novo de Jessé (1 Sm 16.11), foi chamado de "primogênito"(Sl 89.20,27). O mesmo aconteceu com Efraim. Era este o filho mais novo de José (Gn 48.18, 19), mas fora apresentado como primogênito (Jr 31.9). 
   O Filho é Deus. "Mas do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do teu reino" esse termo "Deus" no versículo 8 de Hb 1, refere-se ao Deus de Israel (Sl 45.6,7. No Salmo 45.7 há dua menções proféticas de Deus. A primeira, "por isso Deus", é uma referência a Cristo. A segunda, "o teu Deus", é uma alusão a Deus, o Pai Eterno (Hb 1.8-9). Jesus não está se equiparando ao Pai como uma outra pessoa, uma alternativa, pois é dependente do Pai e subordinado a Ele: "Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se não vir fazer ao Pai", Jo 5.19a. Portanto, Ele nunca ameaça o Pai com competição, apresentando-se como uma alternativa divina. E Ele faz apenas o que vê o seu Pai fazer, "porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente" (Jo 5.19b). Portanto, ambos demonstraram um grande amor um pelo outro, e como Filho, na sua encarnação, Jesus foi dependente do Pai, nunca um competidor com o Pai.    
   
* Sl 2.7     - Jesus e sua encarnação
* Jo 3.16   - O Filho Unigênito foi enviado para nos trazer vida eterna
* Jo 8.36   - O Filho foi enviado para libertar os oprimidos
* Jo 5.18   - O Filho é igual ao Pai
* 1Jo 5.10 - Negar o Filho é negar o Pai
*Gl 1.10   - O Filho de Deus morreu pelos pecadores

  Quanto à divindade:                                 Quanto à humanidade:

 1) Filho de Deus (Mt 8.29)                        Nazareno (Mt 2.23)
 2)Alfa e Ômega (Ap 1.8)                          Carpiteiro (Mc 6.3)
 3)Verbo de Deus (Jo 1.1)                          Filho do Homem (Mt 3.23)
 4) Senhor (Jo 13.13)                                  Filho de José (Jo 6.42)
 5) Eu Sou (Jo 8.58)                                   Filho de Davi (Mt 1.1)
 6) Todo-poderoso (Ap 1.8)                       Jesus de Nazaré (Jo 1.45)

   A posição singular de Jesus com Filho, Primogênito e Unigênito aponta para a sua divindade. O sentido de "Filho" e de "Primogênito" não deve ser entendido pela perspectiva meramente humana. Deve-se estudar como muito esmero esses termos, a fim de compreendermos sua verdadeira significação, pois nos ajudará a desfazer a visão distorcida de muitos grupos religiosos não-cristãos.
   J. Blanchard assevera: "Quando Jesus desceu à terra não deixou de ser Deus; quando voltou ao céu não deixou de ser homem".
   
   Sempre em Cristo
   Josebias Onorato


¹A difícil doutrina do amor de Deus, CPAD.

Acompanhe a série:
Cristologia (1) - Jesus, quem é este homem?

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