sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Cristologia (1)


   Jesus, quem é este homem?


   Focaremos um precioso período para conhecermos a verdadeira identidade de Jesus. Pois, já estamos no terceiro milênio e milhões de seres humanos ainda não conhecem o verdadeiro Jesus dos Evangelhos. Muitas pesquisas criteriosas foram realizadas sobre a vida e obra de Jesus ao longo da história do cristianismo. No enanto Ele continua sendo o personagem mais controvertido e mais importante da História. Foi tema de vários filmes, desenhos, músicas, livros, poesias, pinturas e teatros como ninguém. Sua história está traduzida em mais de 2 mil línguas e dialetos.
   Ele revelou seu poder sobre o reino das trevas, sobre Satanás e o inferno (Mc 5.7-13); sobre as enfermidades e a morte (Mt 10.8); sobre o pecado e sobre a natureza (Jo 8.46; Mt 8.26, 27). Seus discípulos chegaram a perguntar: "Que homem é este?" (Mt 8.27). O próprio Jesus perguntou certa vez: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?" (Mt 16.13). 
   Desde os primeiros séculos do cristianismo, houve tentativa de resposta para essa pergunta, porém muitos tropeçaram porque se embeberara
m em fontes erradas e se estribaram em métodos inadequados. Essa busca resultou em grupos religiosos isolados e seus líderes se tornaram grandes heresiarcas do passado como os gnósticos Simão de Samaria, Saturnino, Basisides, Cerinto, Marcião; os monarquianistas como Noeto, Práxeas, Paulo de Samosata, Sabélio; dentre outros como Ário, Apolinário, Jacó Baradeus, cujas doutrinas cristológicas estão presentes na atualidade. Porém, o Espírito Santo, já havia falado de antemão, pelo ministério do apóstolo Paulo, sobre os pregadores de um Jesus estranho aos Evangelhos: "Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis", 2Co 11.4.

   Os gnósticos

   Foram os primeiros dos citados grupos. O nome vem de gnosis, que significa "conhecimento". Os membros desse movimento ensinavam a salvação através de um conhecimento místico e não pelas fé em Jesus. Eles eram grupos muito diversificados em suas doutrinas, pois diferiam de lugar para lugar, e em seus períodos, como o sírio, o egípcio, o judaizante e o pôntico.Essa doutrina era nada mais que um enxerto das filosofias pagãs nas doutrinas vitais do cristianismo. Negava o cristianismo histórico (segundo ela, o Senhor Jesus não teve um corpo, isto é, não veio em carne, o seu corpo seria uma mera aparência, que chamavam de corpo docético). Seu período áureo foi entre 135-160dC, mas o gnosticismo já dava trabalho às igrejas da época dos apóstolos. O apóstolo João enfatiza que "o Verbo se fez carne" (Jo 1.14) e que "todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus" (1Jo 4.3). É bom lembrar que os escritos joaninos são do final do primeiro século e que foram escritos na cidade de Éfeso, então capital da Ásia menor, de onde surgiu o gnosticismo.

Os ebionitas 

   Eram uma comunidade de judeus cristãos (séculos 2 e 4). O nome "ebionita", segundo Tertuliano, veio de um certo Ebion, gnóstico que sucedeu Cerinto. Mas, Eusébio de Cesaréia afirma que o nome veio por causa da manifestação da "pobreza de seu intelecto". A palavra hebraica ebion significa "pobre". Eles pregavam a pobreza com base em Mt 5.3. Eusébio de Cesaréia afirma que eles criam em Jesus como o seu messias, mas negavam sua deidade, e entre eles havia aqueles que rejeitavam a concepção virginal de Jesus por obra e graça do Espírito Santo. Viviam o ritual da lei e os costumes judaicos, eram hostilizados tanto pelos judeus quanto pelos cristãos. Repudiavam as epístolas paulinas, chamavam o apóstolo Paulo de apóstata e tinham um evangelho próprio, apócrifo, chamado de Evangelho aos Hebreus. Eles estavam dividido em três grupos: os nazarenos, os ebionitas fariseus e os gnósticos ou essênios. Eram numerosos no final do primeiro século, mas aos poucos foram desaparecendo do palco e perdendo-se de vista no cenário da História. Hoje, eles estão manifestos em nova roupagem. 

O Monarquianismo

   Esse movimento surgiu depois da metade do segundo século em torno do monoteísmo cristão. Os monarquianistas se dividiam em dois grupos: os dinâmicos, que ensinavam ser cristo Filho de Deus, mas por adoção; e os modalistas, que ensinavam ser Cristo apenas uma forma temporária da manifestação do único Deus. Tertuliano os chamou de monarquistas, do grego monarcia (monarchia), "governo exercido por um único soberano". Eram os opositores da doutrina do Logos, o alogoi, aqueles que rejeitam o Evangelho de João.
   Teódoto de Bizâncio, "o curtidor", era discípulo dos alogoi, mas aceitava o Evangelho de João com certa ressalva. Foi o primeiro monarquianista dinâmico de importância. Chegou em Roma em 190dC e foi excomungado em 198. Consideram Jesus apenas como um homem que nasceu de uma virgem, de vida santa e que sobre Ele desceu o Espírito Santo por ocasião do seu batismo no rio Jordão. Alguns de seus discípulos rejeitavam qualquer direito divino em Jesus, mas outros afirmavam que Jesus teria se tornado divino, em certo sentido, por ocasião da sua ressurreição.
   Hipólito (170-236) rebateu essas crenças. O mais famoso monarquianista dinâmico foi Paulo de Samosata, bispo de Antioquia entre 260 e 272. Descrevia o Logos como atributo impessoal do Pai. Eusébio de Cesaréia diz que ele "nutria noções inferiores e degradadas de Cristo, contrárias à doutrina da Igreja, e ensinava que quanto à natureza Ele não passava de homem comum". Suas idéias foram examinadas por três sínodos entre 264 e 269 e o último o excomungou. 
   Os monarquistas modalistas que não negavam a divindade do Filho nem a pessoa do Espírito Santo, mas, sim, a distinção destas Pessoas, o que é diametralmente oposto aos ensinos do Novo Testamento, visto que este ensina a unidade composta de Deus em três pessoas distintas. Os modalistas pregavam a unidade absoluta de Deus, coisa que nem mesmo o Antigo Testamento ensina e para apoiar tal ensino mutilaram os textos neotestamentários.
   Seus principais representantes foram Noeto, Práxeas e Sabélio. Noeto era natural de Esmirna e ensinava que "Cristo era o próprio Pai, e o Pai nasceu, sofreu e morreu". Cipriano (200-258), bispo de Cartago, chamou a heresia de Noeto de "patripassionismo" do latim Pater "pai" e passus de patrior "sofrer". Práxeas foi discipulo de Noeto e o seu principal opositor foi Tertuliano, que afirmou:"Práxeas fez duas obras do demônio em Roma: expulsou a profecia e introduziu a heresia; fez voar o Parácleto e crucificou o Pai".
   Desta última escola destacou-se o bispo Sabélio, que se tornou um grande líder desse movimento. Por volta de 215, Sabélio já ensinava suas doutrinas em Roma. Este bispo modalista ensinava que o Pai, o Filho e o Espírito Santo não eram três pessoas distintas, mas apenas os três aspectos do Deus único. Segundo esse bispo, nos tempos do Antigo Testamento, o Pai se manifestou como legislador. Nos tempos do Novo, esse Pai era o mesmo Filho encarnado, e esse mesmo Pai fazia o papel de Espírito Santo como inspirador dos profetas. Hipólito, em Contra Todas as Heresias, refutou essas heresias.
   Prepare-se para uma extensa série sobre a pessoa de Jesus.

Sempre em Cristo,
Josebias Onorato       

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